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quinta-feira, novembro 02, 2006

Portugal entre os países mais afectados pelo aquecimento global - Relatório Stern

Portugal, Espanha e França estão entre os países europeus mais afectados pelo aquecimento global, segundo um relatório britânico divulgado hoje, que aponta consequências como falta de água, ondas de calor e fogos florestais.

O relatório Stern, encomendado pelo Governo britânico ao ex-responsável do Banco Mundial Nicholas Stern, evidencia as grandes variações climáticas na Europa, salientando que as regiões vão ser afectadas de maneira diferente.

"O Mediterrâneo vai assistir a um aumento do 'stress' hídrico, ondas de calor e fogos florestais. Portugal, Espanha e Itália serão os países mais afectados. Isto poderá levar a uma mudança para Norte no que respeita ao turismo de Verão, agricultura e ecossistemas", refere o documento.

O Norte da Europa poderá registar um aumento na produtividade agrícola (com a adaptação à subida das temperaturas) e menos necessidade de gastar energia no Inverno.

Subida das águas ameaça Holanda

O degelo das neves alpinas e padrões de precipitação mais extremos podem aumentar a frequências das cheias nas principais bacias hidrográficas como as do Danúbio, Reno e Ródano. O turismo de Inverno será gravemente afectado.

O estudo prevê também que muitos países costeiros em toda a Europa sejam vulneráveis à subida do nível do mar.

A Holanda, onde 70 por cento da população seria ameaçada com uma subida de um metro no nível do mar, é o país que se encontra mais em risco.

O relatório refere ainda que os países desenvolvidos em latitudes mais baixas (caso de Portugal) são os mais vulneráveis.

Falta de água e ondas de calor no sul da Europa

Regiões onde a água já é escassa enfrentariam grandes dificuldades e custos crescentes. Estudos recentes sugerem que um aumento de dois graus nas temperaturas globais poderia levar a uma redução de 20 por cento na disponibilidade de água.

A escassez de água nesta região vai limitar o efeito de fertilização do carbono e levar a quebras substanciais na agricultura.

Os custos dos fenómenos extremos como tempestades, cheias, secas e ondas de calor vão aumentar rapidamente com temperaturas mais altas, neutralizando alguns dos benefícios iniciais associados às alterações climáticas.

Só os custos destes fenómenos poderiam atingir 0,5 a um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em meados do século e continuarão a aumentar à medida que o mundo aquece.

As ondas de calor, como a que aconteceu na Europa em 2003, provocando a morte de 35 mil pessoas e prejuízos de 11,7 mil milhões de euros na agricultura, serão comuns em meados do século.

A disparidade Norte-Sul dos impactos das alterações climáticas já tinha sido registada durante esta onda de calor, quando as colheitas no Sul da Europa tiveram uma quebra de 25 por cento, enquanto no Norte da Europa se verificou o contrário (aumento de 25 por cento na Irlanda e 5 por cento na Escandinávia).

Nas latitudes mais baixas, espera-se um aumento global do consumo de energia, devido à maior procura de ar condicionado no Verão.

Nestas regiões, as mortes durante o Verão deverão ultrapassar a redução de óbitos durante o Inverno, levando a um aumento global da mortalidade.

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"Como a História demonstra, assistiremos a um movimento populacional em grande escala, que desencadeará conflitos regionais", salienta o estudo.

Relatório Stern
30-10-2006

http://ecosfera.publico.pt/destaque/clima14.asp


http://ecosfera.publico.pt/