Free Web Site Counter
Free Counter

quinta-feira, outubro 19, 2006

Peixes mortos no Alviela após descarga no fim-de-semana 20.09.2006 – 13h00 Lusa
Ministério realça investimento feito


Dezenas de peixes mortos começaram a aparecer à superfície do rio Alviela nas últimas 24 horas, depois de uma descarga naquele curso de água, revelou hoje o presidente da Junta de Vaqueiros, Firmino Oliveira.
A junta de Vaqueiros alertara no sábado para a descarga de efluentes químicos no Alviela, referindo a existência de alguns peixes mortos e o aspecto sujo das águas. A descarga terá ocorrido na sexta-feira à noite e hoje os açudes estão cheios de peixes mortos, afirmou o autarca, que aponta para um despejo ilegal da indústria de curtumes do concelho vizinho de Alcanena."Estou a pedir às autoridades, através da Câmara, que retirem o peixe morto do rio porque há um risco para a saúde pública", afirmou o presidente da junta, que aponta as deficiências do sistema de tratamento dos efluentes dos curtumes como a causa deste atentado ambiental."Tenho testemunhas que viram um ‘bypass’ numa conduta" e terá sido por aí "que foi feito o despejo que matou estes peixes e destruiu o rio", explicou o autarca.A descarga ocorreu durante o Festival Internacional de Música do Alviela, uma iniciativa da autarquia de Santarém que visava sensibilizar o poder central para a necessidade de investir na despoluição do rio.O Alviela foi objecto de uma intervenção na década de 1990, com a construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), que concentrou os efluentes das indústrias de curtumes de Alcanena. A falta de conclusão do sistema e deficiências de manutenção provocaram novos problemas ambientais.Em resposta hoje divulgada a um requerimento da deputada do PCP Luísa Mesquita, o gabinete do ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional sustenta que a poluição é pouco elevada, recordando que o Estado já investiu cerca de 50 milhões de euros no sistema de Alcanena."Estas obras contribuíram em muito para a melhoria da qualidade dos meios receptores aquáticos, verificando-se uma evolução bastante positiva na qualidade das águas do rio Alviela", refere a resposta. A tutela sustenta que "os impactos negativos se prendem mais com questões de incomodidade provocada pela cor escura que as águas por vezes apresentam do que com aspectos de saúde pública" ou "poluição das águas subterrâneas".Entre 2005 e Maio deste ano, foram efectuadas "105 inspecções a unidades industriais situadas na área de bacia do rio Alviela, tendo sido levantados mais de 70 autos de notícia", acrescenta ainda a resposta, que motivou a indignação das autarquias e da deputada que fez o requerimento."É no mínimo preocupante esta resposta", considerou a deputada, salientando que a tutela "ignorou e fez tábua rasa" dos vários problemas ambientais que existem no rio, preferindo apontar "questões psicológicas" como o aspecto da água como causa das preocupações."Quer a GNR, quer a inspecção do Ministério do Ambiente têm outros meios para actuar", podendo mesmo encerrar os poluidores, defendeu Luísa Mesquita, que defende um investimento urgente na ETAR e nas condutas, que são "autênticos passadouros" dos efluentes dos curtumes."É preciso tomar medidas urgentes", desafiou a deputada, numa posição que Firmino Oliveira também subscreve. "O Governo desconhece em absoluto o que se está a passar no Alviela" e, com essa falta de acção, está "a condenar à morte" o rio e as populações ribeirinhas, considerou o autarca de Vaqueiros.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Greenpeace vai descer o Guadiana para mostrar ameaças ao rio ibérico

A poluição, a invasão de espécies exóticas, os transvazes e as barragens transformaram o Guadiana num rio ameaçado. Entre 20 e 28 de Outubro, a Greenpeace vai viajar da nascente até à foz para denunciar e apelar à recuperação do rio.
A viagem começa nos Ojos del Guadiana, onde o rio foi buscar o nome. No entanto, há mais de 20 anos que o rio deixou de nascer ali. "As primeiras águas que hoje recebe são do rio Bullaque, a mais de 120 quilómetros de distância", denuncia a organização ecologista em comunicado. Para a Greenpeace, "o verdadeiro nome do rio seria Bullaque".
Mas esta não é a única coisa que mudou naquele que é um dos maiores rios ibéricos. A expedição que lança um estudo de profundidade das bacias hidrográficas peninsulares, a realizar pela Greenpeace, vai denunciar os problemas específicos de cada troço do rio. Vai visitar povoações ribeirinhas e registar o que está diferente. A água que deixou de passar por debaixo de uma ponte, a invasão de espécies exóticas como o mexilhão-zebra, o jacinto de água ou o lagostim-do-Louisiana e ainda os cheiros e cores diferentes que a água passou a assumir.
Ao longo dos dias, de carro e de barco, a viagem, chamada "Dá Vida ao Rio", vai levar os ecologistas a locais que foram captados há anos pela objectiva de uma câmara fotográfica. Agora querem ver com os próprios olhos o que mudou.
Em alguns troços, a Greenpeace vai recolher amostras à água, preocupada com uma das maiores ameaças ao rio, a poluição. "Em breve, as águas deste rio tornar-se-ão inutilizáveis, tanto para abastecimento, como para rega ou para usos industriais", escreve nas vésperas da partida.
O transvaze Tejo-Guadiana, que transportará água entre as bacias hidrográficas dos dois rios, é uma das denúncias da Greenpeace. A obra "servirá para alimentar a especulação e fornecer água aos novos complexos urbanísticos e campos de golfe, como aconteceu em Murça e Valência".
A Greenpeace tem palavras ainda para a barragem de Alqueva e para as canalizações, túneis e barragens de contra-embalse previstas. Os 110 mil hectares de regadio que iriam beneficiar de Alqueva não estão a ser explorados e "provavelmente nunca chegarão a estar". O preço da água, o transvaze para o Sado e os planos de ordenamento do território fazem parte da lista de ameaças. Julio Barea, responsável pela Campanha da Água da Greenpeace, diz que "é urgente tomar medidas para recuperar o Guadiana". O problema não é a falta de instrumentos para o fazer, mais concretamente a Directiva Quadro da Água, que as administrações implicadas na gestão da água já têm - "O problema é que não cumprem nem fazem cumprir a lei".

18-10-2006 - Helena Geraldes/PUBLICO.PT De 20 a 28 deste mês

http://ecosfera.publico.pt/